DIA 01
Partimos para Paris com esperanças na bagagem. Alias mais esperança do que blusas e casacos por exemplo. A Cidade Luz nos saudava com uma manha de 3 graus Celsius para qualquer tropical tremer. Ficamos pouco mais de uma hora e a conexão nos levou a Toulouse, ao sul da França, por onde já havíamos passado por cima, sim minha gente o caminho para Tunis é esse: sobrevoa-se Toulouse e vai para Paris, depois volta pra Toulouse para fazer outra conexão a Tunis.
Chegamos em Tunis cerca de 16h30min e depois de quase duas hor5as para sermos liberados pela policia federal chegamos no Hotel Mouradi Africa, que dista cerca de 5km do aeroporto.
A cidade é muito bonita. Uma cidade grande com uma arquitetura interessante ora lembrando a Itália ora a França. Depois de um banho revigorante saímos para conhecer um pouco da cidade, pois o hotel fica no centro de Tunis. Há caixas de cambio nas calçadas para troca de moeda eletronicamente, tudo muito fácil, até por que o turismo aqui precisa ser revigorado, e é a base da economia local.
As pessoas são muito amistosas e lembram os italianos, falam alto na rua, gesticulam muito e são amistosas. Jantamos em um restaurante típico tunisiano. A comida foi fantástica, o melhor peixe que já comi na vida. Couscous marroquino e salada tipicamente tunisiana. Água acompanha, quase ninguém pede refrigerante.
Ao sair do restaurante resolvemos andar pelo calçadão. A proporção de homens para mulheres nas ruas, nos bares, na vida social é talvez 7 X 1, ou seja, quase não se vê mulheres a noite na rua, um traço bastante revelador da cultura de tratamento desigual na questão de gênero por aqui.
Outro ponto interessante: não há semáforo e ninguém buzina no transito… E o pedestre tem sempre a primazia… DE FATO UMA CULTURA DIFERENTE.
Minha primeira impressão é que temos pouco aparato de segurança por aqui ou pouca preocupação com esse ponto intrigante da vida ocidental. No aeroporto as malas foram retiradas das esteiras pelos funcionários e colocadas no chão. Cada turista, ao chegar na esteira pegava a sua e saía, sem nenhuma vigilância por perto. O detector de metais quase explodiu de tanto apitar, por que as malas dos estrangeiros tinham maquinas fotográficas, filmadoras, computadores e tudo o mais. A resposta do agente de imigração era: prossegue, pode ir.
Após o jantar caminhamos no centro e encontramos uma galeria e ao fundo dela havia um teatro.
Fomos abrindo caminho e entrando. Era um festival de hip hop, com entrada free. A casa estava cheia. No palco um rapper Senegalês, um outro Tunisiano, um artista de Burkina Faso e um rapper palestino dividiam o palco.
A multidão dançava freneticamente e vibrava com as canções de cunho político e social, aos gritos de NÃO AO CAPITALISMO, REVOLUCAO VAI CONTINUAR, LIBERDADE AINDA QUE COM LUTA.
A qualidade da banda era de fato, internacional. Os músicos desempenhavam cada um seu papel sem nada dever aos maiores astros do hip hop internacional. Algumas pessoas jovens há mais tempo também acompanhavam o festival. Não havia venda nem consumo de bebida, apenas cigarro.
Poucas vezes vi uma juventude tão entusiasmada e interessada em canções de cunho ideológico e político. Minha impressão nesse primeiro dia é que a PRIMAVERA ÁRABE ESTÁ FLORESCENDO E COLHENDO FRUTOS.
Ainda há muito a caminhar aqui na Tunisia, não esqueçamos que os primeiros passos na primavera árabe foram dados aqui.
Estar em um teatro, com jovens que provavelmente fizeram parte desse capítulo da historia há dois anos atrás me fez voltar no tempo e carregar minhas malas, minhas bolsas e aljavas de mais ESPERANÇA POR UM MUNDO DE FATO MELHOR!